O que é um filme romântico? Aquele que já se sabe o fim antes do começo? Aquele que faz pensar que o amor da sua vida está na próxima esquina? Os dois juntos? Provavelmente nenhuma das respostas incluiria um filme que te faz sentir mal. Contudo, A Primeira Noite de um Homem e Closer, os dois filmes do cineasta Mike Nichols, conseguem se encaixar no rótulo mesmo tendo esse poder nauseante.
A Primeira Noite de um Homem está no imaginário cinematográfico. É uma daquelas obras que nasceram clássicas. Feito em 1967, representava seu tempo de forma exemplar. De um lado, uma sociedade conservadora, hipócrita, materialista, feita de plástico, que não queria envelhecer. Do outro, o amor ideal, o par perfeito, um mundo de sonhos que podiam se realizar, mesmo que fossem impossivelmente difíceis. Tudo visto por um garoto extremamente inexperiente. Era o filme romântico por excelência, que mostrava que não devíamos desistir do amor, dando vazão aos sentimentos mais verdadeiros e bonitos. Embalado por aqueles anos de revolução sexual e contracultura, indo contra o establishment, na verdade contra todos, até nós mesmos, nossas neuras e prisões mentais. Muito bom, obra-prima, Oscar de Melhor Diretor.
No entanto, Nichols fala nas entrelinhas. Assistindo com um pouco mais de atenção fica perceptível que não, o filme não tem nada de felicidade e nem de esperança. Na verdade, é bem pessimista. As expressões não deixam mentir: depois da euforia, vem a depressão. A cena final é de uma maestria cinematográfica impressionante. Uma revolução em 10 segundos. Bocas, gestos, sorrisos, tudo indicando que o pior está por vir, que os dois vão viver a mesma vida que seus pais levavam, ou seja, do sonho não haverá mais nada, será tudo artificial, um relacionamento sem nenhum gosto, somente o silêncio pra preencher essa angústia. Mostrando que, mesmo com o passar das gerações, as atitudes continuam as mesmas e que o futuro não vai ser diferente, pois os sonhos já estavam corrompidos.
Curiosamente, o diretor também fez Closer, outro drama romântico, isso já em 2004. E o que acabou sobrando daquele seu filme pra este? Tudo. Se prestarmos atenção, veremos que a semente de Closer está no final de A Primeira Noite de um Homem. Closer também é um filme fiel ao seu próprio tempo, o nosso tempo. O tempo do pós-68, da pós-modernidade, da morte das utopias. Assim, sem a utopia e o romantismo, sobra somente o desejo e, mais que isso, a racionalização de tudo, até do amor. Closer, espelho de nossa sociedade, é a coroação dos relacionamentos infelizes, das pessoas solitárias, sem amor algum pra dar ou pra receber, sempre pensando somente em si mesmas. Trata-se, acima de tudo, do nosso egoísmo.
Closer é abstrato em seus personagens, que tratam de mostrar, cada um de seu jeito, os caminhos tortuosos e complexos dos jogos amorosos. Se o pequeno poeta necessita da verdade, tudo que vai conseguir é a solidão. No fim, quem sai ganhando é a realidade, é o amor realista, no lugar do idealista. A máxima que impera é que sai ganhando em um relacionamento aquele que sofre menos, aquele que é menos vulnerável, sempre envolvido num pragmatismo sujo, sem lugar para o romance, só para o ego. A realidade não precisa da verdade, pois sabe que nunca vai consegui-la, e, assim, faz sua substituição pela sensação de poder ou de vitória.
Com uma tristeza na câmera, sempre tentando apreender essa verdade que se desmancha, Nichols mostra, com angústia, que o amor de ontem e de hoje é, infelizmente, um jogo, um jogo de interesses, e que a realidade não deixa espaço para aqueles que querem sonhar. O amor por si é uma experiência que envolve sofrimento. Vale a pena? Sim. Mas nunca se sai ileso. Se por um lado essa visão é extremamente pessimista, por outro, é realista, e, por isso, A Primeira Noite de um Homem, assim como Closer, não são filmes felizes, não são comédias românticas. São romances realistas: é a vida, a vida do jeito que ela é.
A Primeira Noite de um Homem está no imaginário cinematográfico. É uma daquelas obras que nasceram clássicas. Feito em 1967, representava seu tempo de forma exemplar. De um lado, uma sociedade conservadora, hipócrita, materialista, feita de plástico, que não queria envelhecer. Do outro, o amor ideal, o par perfeito, um mundo de sonhos que podiam se realizar, mesmo que fossem impossivelmente difíceis. Tudo visto por um garoto extremamente inexperiente. Era o filme romântico por excelência, que mostrava que não devíamos desistir do amor, dando vazão aos sentimentos mais verdadeiros e bonitos. Embalado por aqueles anos de revolução sexual e contracultura, indo contra o establishment, na verdade contra todos, até nós mesmos, nossas neuras e prisões mentais. Muito bom, obra-prima, Oscar de Melhor Diretor.
No entanto, Nichols fala nas entrelinhas. Assistindo com um pouco mais de atenção fica perceptível que não, o filme não tem nada de felicidade e nem de esperança. Na verdade, é bem pessimista. As expressões não deixam mentir: depois da euforia, vem a depressão. A cena final é de uma maestria cinematográfica impressionante. Uma revolução em 10 segundos. Bocas, gestos, sorrisos, tudo indicando que o pior está por vir, que os dois vão viver a mesma vida que seus pais levavam, ou seja, do sonho não haverá mais nada, será tudo artificial, um relacionamento sem nenhum gosto, somente o silêncio pra preencher essa angústia. Mostrando que, mesmo com o passar das gerações, as atitudes continuam as mesmas e que o futuro não vai ser diferente, pois os sonhos já estavam corrompidos.
Curiosamente, o diretor também fez Closer, outro drama romântico, isso já em 2004. E o que acabou sobrando daquele seu filme pra este? Tudo. Se prestarmos atenção, veremos que a semente de Closer está no final de A Primeira Noite de um Homem. Closer também é um filme fiel ao seu próprio tempo, o nosso tempo. O tempo do pós-68, da pós-modernidade, da morte das utopias. Assim, sem a utopia e o romantismo, sobra somente o desejo e, mais que isso, a racionalização de tudo, até do amor. Closer, espelho de nossa sociedade, é a coroação dos relacionamentos infelizes, das pessoas solitárias, sem amor algum pra dar ou pra receber, sempre pensando somente em si mesmas. Trata-se, acima de tudo, do nosso egoísmo.
Closer é abstrato em seus personagens, que tratam de mostrar, cada um de seu jeito, os caminhos tortuosos e complexos dos jogos amorosos. Se o pequeno poeta necessita da verdade, tudo que vai conseguir é a solidão. No fim, quem sai ganhando é a realidade, é o amor realista, no lugar do idealista. A máxima que impera é que sai ganhando em um relacionamento aquele que sofre menos, aquele que é menos vulnerável, sempre envolvido num pragmatismo sujo, sem lugar para o romance, só para o ego. A realidade não precisa da verdade, pois sabe que nunca vai consegui-la, e, assim, faz sua substituição pela sensação de poder ou de vitória.
Com uma tristeza na câmera, sempre tentando apreender essa verdade que se desmancha, Nichols mostra, com angústia, que o amor de ontem e de hoje é, infelizmente, um jogo, um jogo de interesses, e que a realidade não deixa espaço para aqueles que querem sonhar. O amor por si é uma experiência que envolve sofrimento. Vale a pena? Sim. Mas nunca se sai ileso. Se por um lado essa visão é extremamente pessimista, por outro, é realista, e, por isso, A Primeira Noite de um Homem, assim como Closer, não são filmes felizes, não são comédias românticas. São romances realistas: é a vida, a vida do jeito que ela é.
eu também percebi aquela parte em que se para a euforia, e logo vem a tristeza, a perca de esperanças no filme A primeira noite de um homem.
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