domingo, 26 de setembro de 2010

Logicomix: Uma Jornada Épica em Busca da Verdade

Há 3 meses no mercado brasileiro pela editora Martins Fontes, Logicomix: Uma Jornada Épica em Busca da Verdade se destaca dos outros lançamentos de Graphic Novels (ou histórias em quadrinhos encadernadas) pela temática central: A busca pelos fundamentos lógicos matemáticos. Durante seu lançamento em inglês (a primeira edição foi em grego) chegou a ser Editor’s Choice do New York Times e #1 dos mais vendidos. Ou seja, sucesso de público e crítica. Considerando que a equipe de ilustradores era sem experiência no ramo - o que em muitos casos é causa de fracasso - Logicomix se torna no mínimo um produto notável dentre seus companheiros de estante.

Mas como assim uma HQ sobre matemática? Na verdade trata-se de um romance histórico, sendo que o protagonista-narrador do romance é nada menos do que Bertrand Russell. Conhecido pela sua contribuição à lógica e à filosofia, Russell também atuou como pacifista nas duas grandes guerras que viveu. Ganhador do prêmio Nobel em 1950, foi acima de tudo um defensor e cultivador do livre pensamento. A trama se inicia com uma palestra de Russel em uma Universidade que se desemboca numa recapitulação de sua vida inteira. De caráter biográfico - pelo menos dos 50 primeiros anos da vida de Russell - ela se desenvolve e pausa nos pontos essenciais para a didática e reflexão propostos.

Aí que se nota o seu diferencial. Logicomix não pretende ser e não é um livro sobre lógica facilitado na forma de quadrinhos. Ele próprio admite que matemática e quadrinhos são como óleo e água. Porém consegue introduzir e estimular o interesse em temas que fogem do cotidiano. Se termos como: “Algoritmo, Axioma, Demonstração, Paradoxo” realmente te causam repulsa, o potencial de empolgação a atingir diminui substancialmente. Pois apesar de ser apenas uma introdução às ideias da lógica (que inferem tanto na matemática quanto na Filosofia Moderna) todos os personagens dividem entre si a excitação por cada descoberta feita. Hilbert, Wittgenstein, Gödel, Cantor, todos gênios de sua época têm no romance e no conhecimento científico real sua importância e isso é explicado de forma muito bem delineada. A história em si não passa por muitas reviravoltas, mas os conceitos sim, como ocorreu na realidade.

Ou seja, a verdadeira protagonista é a própria lógica. E só é necessário saber o básico para compreender uma história em quadrinhos dela. Utilize o mesmo princípio para outro personagem: lendo um graphic book do Batman - com começo, meio e fim - sabendo o essencial, você o compreenderá. Independente da época ou do escritor. Considerando que se trata de um tema que conhecimento anda junto com interesse e pronto. Não tem erro, Logicomix satisfaz seu público com louvor.

Há claro uma licença poética, pois Russel não chegou a participar de todos os eventos citados nem a conhecer todos os personagens, mas a coerência permanece. Além de uma metalinguagem bem interessante com os próprios produtores do quadrinho. E da didática conceitual que é sucinta e simples, contudo com muitas aberturas para aprofundamento. Uma obra ideal introdutória a um curso de Cálculo. Ou de Filosofia de ensino médio. A arte em si não se destaca - apenas para a verossimilhança de pessoas e lugares - mas também não faz feio. Assemelha-se ao modelo de adaptações literárias. O que torna adequado à proposta. Aliás, essa é uma ótima definição de Logicomix. Só que a proposta em si que é notável. Tanto, que foi preciso pouco menos de 70 linhas para explicá-la.















352 páginas. Preço Sugerido: R$55,00 na versão traduzida ou US$ 22,95 (R$ 43) na importada.

2 comentários:

  1. Então, eu gostei.
    Mas você não conseguiu me convencer.

    Talvez eu seja chatinha mesmo e só goste dos quadrinhos do Homem de Ferro e do X-Men (sendo muito parcial e tremendamente valorativa, enfim), mas a idéia de um quadrinho em que a protagonista seja "a lógica" não me chama muito a atenção.

    De modo que não tenho nada a comentar além de: bom texto ;)

    Com carinho

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  2. Tá na lista de compras com certeza!
    Gostei, Dinha!

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