O Ludov é uma banda paulistana (embora alguns de seus membros sejam de Brasília, a banda considera São Paulo sua casa) já com anos de estrada e reconhecimento nacional. Ficaram conhecidos há alguns anos, com o lançamento do EP Dois A Rodar e "Princesa", videoclipe que ganhou o prêmio de melhor clipe independente no VMB, da MTV, em 2004. Esse impulso fez com que gravassem com a Deck Disc (que lançou Pitty e Cachorro Grande) seu primeiro álbum, O Exercício das Pequenas Coisas (2005).
Embora tenha tido essa experiência, o Ludov voltou a gravar independentemente. Apesar de hoje não ter tanta visibilidade quanto naquela época, seus trabalhos posteriores mostram uma banda cada vez mais madura, e com músicos na mais pura sintonia. É mais um exemplo de que qualidade independe de visibilidade.
Seu disco mais recente, Caligrafia (2009), é, em poucas palavras, renovador. Os integrantes passaram um mês em um sítio no interior de São Paulo para trabalhar no álbum novo, desde a composição até a gravação. O resultado é algo diferente do que se tem visto: o mesmo Ludov de "Kriptonita" e "Dois a Rodar", mas mais próximo da MPB, com arranjos e ritmos interessantes. Alguns até diriam que o disco não tem muito a cara da banda, mas independentemente de qual vai ser o caminho que a banda vai seguir de agora em diante, vale a pena acompanhar de perto.
O divertido de Caligrafia é como ele muda de clima sem perder concisão. Da triste "Não Me Poupe" à dançante "Vinte Por Cento" e passando pela engraçadinha "Magnética", é uma mistura de influências, muito bem orquestradas por Habacuque Lima e por Mauro Motoki (aliás, inspirado e fofo como sempre). Sem contar, é claro, a voz da Vanessa Krongold que dá vida às músicas. Não que as músicas cantadas pelo Habacuque ("Madeira Naval", "Paris, Texas") e pelo Mauro ("O Seu Show É Só Pra Mim") não sejam boas, mas a Vanessa já virou “a voz do Ludov”. É gratificante ouvir alguém que canta tão bem quanto ela em tempos em que cantar é muitas vezes visto como algo secundário.
Falando mais especificamente das músicas, 7 delas só entraram na versão digital do disco, totalizando 19 faixas. Não as ignore só porque são faixas bônus! Poucas músicas têm uma melodia tão bonita quanto "Antiquário", uma das faixas bônus. Mas o gostoso mesmo é ir descobrindo cada uma dessas músicas aos poucos, deixando que conquiste os sentidos à sua maneira, seja pelas guitarras em "Vinte Por Cento", pela dancinha no clipe de "Reprise", pelos 'Uh Ah's em "Luta Livre"... Quanto às músicas ao vivo, perdem em qualidade para as gravações. Com exceção de algumas canções, as músicas em geral perderam muito da riqueza que tinham nas versões de estúdio. Uma dessas exceções é "Não Me Poupe" – ao vivo, Vanessa faz dela mais melancólica, mais tocante, mais bela. Como diria Mauro, ‘finesse’!
(baixe o album gratuitamente no site da banda)
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