segunda-feira, 22 de março de 2010

Superguidis, do Superguidis: Not A Teenage Wasteland

Superguidis - Superguidis - 2010

Certa vez, o poeta Arthur Rimbaud disse: "ninguém é sério aos dezessete anos". Os integrantes do Superguidis podem já ter chegado aos vinte, mas mantêm o espírito juvenil. E é justamente por não se levar tão a sério que a banda chega ao terceiro disco exibindo frescor e evolução em sua sonoridade.

A banda, formada por Andrio Maquenzi (voz e guitarras base), Lucas Pocamacha (guitarra e vocais), Marco Pecker (bateria) e Diogo Macueidi (baixo), canta as agruras (muitas) e as vitórias (poucas) do cotidiano de um adolescente de classe média baixa que descobre acorde a acorde como se relacionar com o amor e o mundo.

É como querer consolar "As Camisetas" que não vão ver mais uma garota e acreditar que tudo dá errado apenas com você ("Por que será que sempre chove toda vez que alguém te abandona?"), é o medo de ficar só pra sempre ("De repente o medo de morrer sozinho me incomoda mais que o usual"), é a dificuldade da construção e da exibição da própria personalidade - se é que isso existe: "Com tanto artifício assim , é difícil ser você mesmo". Tudo isso em guitarreiras canções que mostram que eles foram educados na escola Pavement/Guided By Voices/Nirvana de música.

Como todo adolescente que uma hora se cansa da escola, os Superguidis também ultrapassam os muros dessa academia e brincam com violões e pianos - remetendo ao Smashing Pumpkins em "Roger Waters" - e suavizando o som de algumas guitarras lembrando o Foo Fighters, como em "De Mudança". Aqui talvez se mostra um novo caminho à frente da banda, que pode começar a soar repetitiva se insistir em emoldurar suas canções nos clichês do rock noventista.

Mas, se há uma faixa que de alguma maneira pode sintetizar o que são os Superguidis , ela aparece aqui: "Aos Meus Amigos", a última e a melhor do disco. Traz à tona tanto a sensação de invencibilidade juvenil ("As lombadas não adiantam mais/Estou de bicicleta"), o pessimismo loser - expressão redundante, mas que faz sentido - ("Na escola de errar, eu sei/Já sou um graduado") e o espírito de gratidão à turma ("Aos meus amigos/A simplicidade de quem tem/Um par de tênis furado"). Melhor assim, que eu não estou só, cantam eles no refrão de "Aos Meus Amigos". Nem nós, eternos adolescentes.

2 comentários:

  1. Surpreendendo, como sempre.

    Achei ótima a resenha de Superguidis. Sabe, não é todo dia que você acha uma banda que parece com os nerds do weezer e com os indies do pavement em Guaíba, RS.

    Resta saber se vai ter mais sucesso que o primeiro. Lembre-se de mencionar às pessoas que vão ouvir que os dois discos chamam Superguidis. Não preciso recordar (já recordando) o caso Vanguart, em que o primeiro disco (independente e caseiro) ainda é o queridinho.

    Eu nunca vou deixar de dizer que você é bom nisso. Com um grande abraço,

    Zöid.

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  2. A estrutura está concisa, e isso é bom. Mas os períodos estão muito longos, um deles ocupa um parágrafo inteiro.
    Acho que você exagerou nas citações, nos hífens e nos parênteses. Em especial no terceiro e no último parágrafos.
    O seu adolescentismo ficou um pouco exagerado, também, mas deu um ar agradável pro texto.
    No geral está agradável, mas precisa melhorar quanto à linguagem.

    Humildemente.

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