domingo, 3 de outubro de 2010

"The Spirit Carries On"?

Um fenômeno recentemente me chamou a atenção, embora tenha estado sempre presente e tenha sempre marcado a música: a existência de personagens cujas identidades se mesclam às das bandas às quais pertencem. Exemplos são o que não faltam: Nirvana e Kurt Cobain, Iron Maiden e Bruce Dickinson, Rolling Stones e Mick Jagger, Rainbow e Ronnie James Dio, só para citar alguns.

No mês passado, uma notícia chocou os fãs do metal progressivo: Mike Portnoy, baterista e frontman do Dream Theater, anunciou que estava deixando a banda que ajudou a fundar, depois de 25 anos. O assunto virou um dos trending topics do twitter, com comentários surpresos e até mesmo rumores de que a banda deixaria de existir.

O que é interessante, no entanto, é que o Dream Theater está longe de ser uma banda mediana com um excelente baterista. É literalmente uma banda de virtuoses, cada qual em sua função. Nesse aspecto, sinto-me na obrigação de defender o para sempre injustiçado LaBrie: tirando uma época em que teve problemas de saúde, foi – e continua sendo – um vocalista com habilidades ímpares, ao contrário do que muitos dizem quando o chamam de “limitado” por ser ofuscado pelos outros integrantes. Além disso, embora algumas pessoas possam discordar, arrisco dizer que Jordan Rudess é melhor tecladista do que Mike Portnoy é baterista (embora praticamente tudo do que se cria seja uma constante interação de todos). Quanto às composições - especificamente as letras -, embora Portnoy fosse responsável por boa parte delas, muitas das favoritas não são de sua autoria, e sim dos outros membros da banda, até mesmo do baixista recatado John Myung.

Portanto, não é uma mera questão de quem vai assumir as baquetas do DT. Apesar de extremamente abalados com a notícia, os fãs andam discutindo nomes possíveis, ou que eles simplesmente gostariam de ver na banda, sendo alguns deles Thomas Lang, Virgil Donati, Gavin Harrison e Mike Mangini. Mas, além da técnica, serão eles capazes de preencher esse espaço que Portnoy ocupava, de figura carismática, e que por vezes se confundia com a própria imagem do Dream Theater? Isso sem considerar as diversas outras tarefas desempenhadas por Mike, desde o processo criativo até o planejamento das turnês, que os outros membros terão que se desdobrar para cumprir.

Portnoy continuará com seus projetos paralelos, que inclui o Transatlantic e Avanged Sevenfold, como sempre fez – Mr. Bluebeard parece não conseguir ficar parado -, o que condiz com a explicação que deu aos fãs perplexos sobre a sua saída. Ele alegou que desde o ano passado, durante a turnê pela Europa, sentia certo distanciamento dos membros, e sugeriu a todos uma pausa da banda para que pudessem respirar um pouco, e voltar devidamente descansados e inspirados para continuarem seu trabalho. No entanto, o restante da banda não concordou, tendo em mente a gravação de um disco novo no começo de 2011.

Independentemente do baterista que vai participar dessas gravações, há certa expectativa em relação ao novo disco, e esperanças de que, com a participação maior de cada um dos membros, seja criado algo interessante (os últimos discos, Systematic Chaos e Black Clouds & Silver Linings, mas em especial o último, foi recebido com apatia, visto por grande parte dos fãs como um disco fraco, sem a “magia” do DT). Resta esperar pelo ano que vem, e ficar de olho em Mike, que deu a entender que voltaria para a banda após algum tempo caso os outros o aceitassem de volta, pois como ele mesmo disse, "seria uma tragédia se eu nunca mais voltasse a subir num palco com o Dream Theater."



Move on, be brave
Don't weep at my grave
Because I am no longer here
But please never let
Your memory of me disappear

- The Spirit Carries On

Um comentário:

  1. Olá.
    Vocês se importariam de visitar o nosso site, baixar nosso cd na seção "músicas" e, quem sabe, talvez, achar que somos interessantes o bastante para sermos resenhados?

    www.bandaladymurphy.com.br

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