segunda-feira, 29 de março de 2010

Show: Thiago Pethit no Sesc Vila Mariana

Na entrada do Sesc Vila Mariana, havia um cartaz na porta, com uma inscrição do tipo “Thiago Pethit - a nova sensação do indie pop”. Porém, ao contrário do palco indie no Festival Planeta Terra do ano passado, a média de idade do público era superior a 25 anos. Logo, nota-se que se trata de um músico, no mínimo, diferenciado.

O show ocorreu no teatro do Sesc e, como numa peça, a platéia estava sentada, prestes a assistir a um espetáculo e (quase) impessoal. Digo quase, pois o clima foi quebrado assim que Thiago entrou no palco. Contudo, o ambiente estava adequado a um lançamento de CD, onde as pessoas normalmente nunca ouviram metade das músicas. "Nightwalker", por exemplo, é uma faixa que tem grande potencial para participação do público em apresentações futuras.

O título do CD, Berlim, Texas, faz referência a movimentos contemporâneos no começo do século XX, ao Vaudeville dos saloons do Texas e aos shows em cabarés alemães e franceses durante a Belle Époque. Um telão que ora mostrava o show sob uma perspectiva de câmera caseira, ora mostrava uma filmagem simples de um giz e uma lousa, dava um toque especial.

Thiago Pethit fez parte do encontro musical que ocorreu ano passado chamado “Novos Paulistas” com Dudu Tsuda, Tatá Aeroplano, Tulipa Ruiz e Tiê. Ele tem duas faixas com parceria já lançadas e que ajudaram em sua publicidade. Porém, com a finalização da gravação do primeiro álbum - feita por Yury Kalil do Cidadão Instigado em 2009 - e sua divulgação, evidencia-se o fato de que Pethit anda muito bem com os próprios pés.

Tanto que a participação de Hélio Flanders (Vanguart) em “Forasteiro” não foi um dos pontos altos do show. Formado em teatro, ele demonstra segurança no palco. Uma prova disso foram suas dancinhas - discretas, porém elegantes - nas partes instrumentais de suas músicas. As letras seguem o mesmo princípio, falam sobre cultura urbana, mas com linguagem simples. O verdadeiro ponto alto foi o surpreendente cover de "Bad Romance" à la Jamie Cullum - com Pethit sozinho no piano - declarando antes que 'goste ou não' a música será tocada. Ou em "White Hat", onde as dancinhas discretas partiram do público.

As duas músicas em francês no repertório, somadas ao clarinete, acordeon e à percussão crescente em algumas canções remeteram à proposta inicial. O álbum inteiro foi tocado, com direito a bis de Mapa-Múndi e mesmo assim o espetáculo durou pouco menos de uma hora. Mas uma hora que deixou o publico - que já não sabia se era tango, indie, folk - mais que satisfeito.


PS: Pra quem se interessou, terão mais 3 shows no Studio SP nos dias 7, 14 e 21 de Abril e um no Circo Voador no Rio, no dia 30.
Fotos por Luisa Morégola da Costa Neves.

2 comentários:

  1. Não vi o show, mas ouvi o disco e vaticino: ele é o lado masculino de Tiê, o yin-yang. Pra quem gosta, é uma boa pedida.

    (Belo texto, melhor que o último)

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  2. Belo texto, melhor que o ultimo (2)
    Se bem que no quesito do assunto so bem mais london calling!

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