Antes de qualquer coisa, ouça.
On nomes britânicos Eleanor Jackson e Ben Langmaid podem não parecer muito impressionantes para você. Mas junte isso com um estilo eletropop/synthpop de música influenciado por bandas dos anos 80 do tipo Despeche Mode - cujo álbum Speak & Spell, de 1981 é o favorito de Elly - mais um topete ruivo e pronto: La Roux (fala-se "lá rú". Eu, na minha parca experiência musical, nunca tinha ouvido algo com uma batida tão eletronicamente repetitiva que desse para ouvir com tanto gosto, sem cansar - e a voz singular para completar.
Se você ficou curioso ao ler o nome, era isso mesmo que Elly queria. Na verdade, ela nem sabia o que significava quando topou com as palavras, só depois percebeu que juntavam a parte francesa dela com seu ícone capilar. Daí é estranho o "roux" estar no masculino, o que ela explica: "Para mim, significa "a pessoa ruiva" - e é isso, vagamente. É só uma versão masculina disso, o que considero ainda mais legal, porque eu sou, bem, andrógina de qualquer modo. Então meio que faz sentido". De fato, Jackson tem uma personalidade e tanto (vide clipe de Bulletproof), que não se restringe à aparência, mas abarca também suas opiniões um tanto quanto provocativas. Por exemplo, se Rihanna não tivesse sido agredida pelo namorado Chris Brown ano passado, era bem possível que quisesse gravar algo com La Roux. Ao que Elly responde: "Se eu realmente quero trabalhar com Rihanna? Na real não. Estou mais interessada do que o telefone se tratava". Lady Gaga também "it's not my thing", segunda ela "Quero dizer, você não ouviu minhas músicas?". Outro fato curioso é o de ela ir na marcha ré quando fala que não acha que a internet, as redes sociais e as revistas de fofoca vão ajudar carreiras de músicos, porque faz com que eles percam o mistério e a intriga. Bem que ela queria voltar no tempo em que havia certa distância entre artista e audiência, e "all about the music, not Twitter and blogging and all that bollocks"
Como só ela canta, perguntemos: que faz o outro, Ben Langmaid? Co-escritor e co-produtor. Fica só em Londres, sem acompanhar nos shows. Isso é, de fato, engraçado, mas ela garante que é uma colaboração 50%/50%. "La Roux is very much my personality and the songs are about my life. He just wants to make music, he doesn’t want to get involved in all the rest of it. He’s not part of the live show because there’d be nothing for him to do.He doesn’t sing, so he’d just be standing on stage for the sake of it." Mas ainda assin Ben fica irritado quando ela chega com uma cara típica de quem passou a noite inteira fora. De qualquer modo, eles se conheceram por meio de um amigo em comum em 2006 e começaram fazendo música acústica, vindo o primeiro single "Quicksand" em 2008, depois "In For The Kill" ano passado, e por aí vai. Atingiram as paradas de UK e estão cda vez mais nos top hits, principalmente nos EUA.
Ainda assim, é óbvio que não é só Eleanor Jackson e Deus nos palcos: Michael Norris no teclado e computadores, Mickey O'Brien no teclado e segunda voz (namorada de Jim Surgess e irmã mais nova de Ed O'Brien, do Radiohead) e William Bowerman, na bateria (que participou de uma banda com o fofíssimo nome de I Was a Cub Scout).
O primeiro álbum da banda foi lançado em Junho de 2009, e foi escrito como um modo de resolver sentimentos dolorosos que resultaram de um desejo desesperado por alguém que não a queria mais, sentimentos estes "long gone" - bem claro na "Bulletproof" e "I'm Not Your Toy". Essas mais "Colourless Colour" e "Fascination" são as que recomendo para se ter uma noção melhor de o que está por trás daquele topete - vá lá, não é todo dia que se ouve um "I’ve always been a tomboy and I’ve always wanted to get out of bed and not have to do my hair. Now I do." da parte de alguém.
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