sexta-feira, 9 de abril de 2010

Your world is yours, not mine: Quidam (Cirque du Soleil)


“Um transeunte sem nome, uma figura solitária numa esquina, uma pessoa passando apressadamente. Poderia ser qualquer um. Alguém chegando, partindo, vivendo em nossa sociedade anônima. Um elemento na multidão, um entre a maioria silenciosa. Aquele dentro de nós que grita, canta e sonha. É este o Quidam que o Cirque du Soleil celebra."

(Quidam é a nona produção do Cirque du Soleil, e estreou em Montreal em 1996.)

Uma cena comum. Uma sala de estar onde se encontram pai, mãe e filha. Mas algo chama atenção para a garota Zoë – suas roupas coloridas, seu modo de andar, talvez. E, automaticamente, nos prendemos a essa personagem. Até que ela recebe a visita de um homem sem rosto e de chapéu coco, tipicamente magritiano, e guia a platéia durante o espetáculo por esse mundo novo que ela também está descobrindo através dos personagens Fritz (o Alvo) e John (seria óbvio demais chamá-lo John Doe?)

Apresentados os personagens, começam os números em si. Não são meras acrobacias, pois levam em consideração toda a percepção artística da platéia. E, embora o figurino seja menos elaborado do que nos espetáculos fixos do Cirque du Soleil, possui todo o brilho (ou a ausência dele, em alguns casos) que pede cada número. E são poucos os artistas que superam o elenco do Cirque em técnica e talento, sejam eles acrobatas, músicos ou palhaços.

Um dos mais belos números de Quidam é o Contorcionismo Aéreo por Suspensão em Panos. O efeito visual criado pelo pano que se une com o corpo da ginasta é impressionante, além de ser acompanhado por uma das músicas mais tocantes do espetáculo, “Let Me Fall”.
Outros números que merecem destaque são a Estátua, em que a platéia parece prender a respiração enquanto observa os movimentos lentos e precisos dos dois artistas que se equilibram sem nunca perder contato um com o outro; e o Salto com Cordas, que apesar de ser uma idéia simples (quem nunca pulou corda quando criança?), mostra elevado grau de dificuldade ao misturar dança e acrobacias em grupo, mas sem perder a graciosidade da brincadeira.

Diferente do último espetáculo apresentado no Brasil, Alegría, Quidam tem um clima mais sombrio, ao qual se contrapõe o personagem Fritz, sempre alegre e sorridente, mostrando a Zöe as maravilhas desse mundo mágico. O personagem Quidam, por outro lado, é aquele que é todos e ninguém ao mesmo tempo – sem rosto, sem personalidade, apenas um.

Esse é o último fim de semana que a trupe se apresenta no Parque Villa Lobos (até o dia 11/04). Depois, partem em direção a Porto Alegre, onde se apresentarão a partir de 23/04, sendo essa a última cidade brasileira pela qual passarão. Outras cidades que receberam o Cirque du Soleil durante essa turnê sul-americana foram Fortaleza, Recife, Salvador, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba e Rio de Janeiro.

É uma experiência que vale a pena presenciar pessoalmente, apesar do valor (o preço dos ingressos varia em torno de R$230 a R$680). O preço mais caro é referente ao Tapis Rouge, que inclui estacionamento exclusivo, uma área separada onde são servidas comidinhas e bebidas e outros privilégios. Frescurinhas que, no fim, alimentam mais ainda o clima mágico do circo.





2 comentários:

  1. deve ser mesmo uma experiência de outro mundo - só faltou falar quando será o próximo no Brasil, se é que já está programado :)

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  2. Então... Há boatos de que o Varekai vem pro Brasil no ano que vem, mas não achei nada que confirmasse :\

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