“Um transeunte sem nome, uma figura solitária numa esquina, uma pessoa passando apressadamente. Poderia ser qualquer um. Alguém chegando, partindo, vivendo em nossa sociedade anônima. Um elemento na multidão, um entre a maioria silenciosa. Aquele dentro de nós que grita, canta e sonha. É este o Quidam que o Cirque du Soleil celebra."
(Quidam é a nona produção do Cirque du Soleil, e estreou em Montreal em 1996.)
Uma cena comum. Uma sala de estar onde se encontram pai, mãe e filha. Mas algo chama atenção para a garota Zoë – suas roupas coloridas, seu modo de andar, talvez. E, automaticamente, nos prendemos a essa personagem. Até que ela recebe a visita de um homem sem rosto e de chapéu coco, tipicamente magritiano, e guia a platéia durante o espetáculo por esse mundo novo que ela também está descobrindo através dos personagens Fritz (o Alvo) e John (seria óbvio demais chamá-lo John Doe?)
Apresentados os personagens, começam os números em si. Não são meras acrobacias, pois levam em consideração toda a percepção artística da platéia. E, embora o figurino seja menos elaborado do que nos espetáculos fixos do Cirque du Soleil, possui todo o brilho (ou a ausência dele, em alguns casos) que pede cada número. E são poucos os artistas que superam o elenco do Cirque em técnica e talento, sejam eles acrobatas, músicos ou palhaços.
Um dos mais belos números de Quidam é o Contorcionismo Aéreo por Suspensão em Panos. O efeito visual criado pelo pano que se une com o corpo da ginasta é impressionante, além de ser acompanhado por uma das músicas mais tocantes do espetáculo, “Let Me Fall”.
Outros números que merecem destaque são a Estátua, em que a platéia parece prender a respiração enquanto observa os movimentos lentos e precisos dos dois artistas que se equilibram sem nunca perder contato um com o outro; e o Salto com Cordas, que apesar de ser uma idéia simples (quem nunca pulou corda quando criança?), mostra elevado grau de dificuldade ao misturar dança e acrobacias em grupo, mas sem perder a graciosidade da brincadeira.
Diferente do último espetáculo apresentado no Brasil, Alegría, Quidam tem um clima mais sombrio, ao qual se contrapõe o personagem Fritz, sempre alegre e sorridente, mostrando a Zöe as maravilhas desse mundo mágico. O personagem Quidam, por outro lado, é aquele que é todos e ninguém ao mesmo tempo – sem rosto, sem personalidade, apenas um.
Esse é o último fim de semana que a trupe se apresenta no Parque Villa Lobos (até o dia 11/04). Depois, partem em direção a Porto Alegre, onde se apresentarão a partir de 23/04, sendo essa a última cidade brasileira pela qual passarão. Outras cidades que receberam o Cirque du Soleil durante essa turnê sul-americana foram Fortaleza, Recife, Salvador, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba e Rio de Janeiro.
É uma experiência que vale a pena presenciar pessoalmente, apesar do valor (o preço dos ingressos varia em torno de R$230 a R$680). O preço mais caro é referente ao Tapis Rouge, que inclui estacionamento exclusivo, uma área separada onde são servidas comidinhas e bebidas e outros privilégios. Frescurinhas que, no fim, alimentam mais ainda o clima mágico do circo.
deve ser mesmo uma experiência de outro mundo - só faltou falar quando será o próximo no Brasil, se é que já está programado :)
ResponderExcluirEntão... Há boatos de que o Varekai vem pro Brasil no ano que vem, mas não achei nada que confirmasse :\
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